- Fale-nos um pouco de você.
Sou mineira, mas moro em Curitiba há muitos anos. Formei-me em Direito Pela U.E.M. (Universidade Estadual de Maringá). Trabalho no Ministério Público do Paraná desde 2003 e, nas horas vagas, escrevo. Sou uma sortuda por fazer o que gosto.
- O que vc fazia/faz além de escrever? De onde veio a inspiração para a escrita?
Trabalho no Ministério Público do Paraná e escrevo nas horas vagas, mas o faço com muita entrega. Desde menina tenho essa coisa de pôr no papel minha visão das coisas, do mundo, de mim mesma.
- Qual a melhor coisa em escrever?
Escrever, por si só, já é uma coisa incrível. O ato de deslizar os dedos sobre o teclado, deixando fluir o que vai aqui dentro, é inigualável. Quando o resultado me parece rico, belo, com uma estética que me representa, aí sim, é o nirvana.
- Você tem um cantinho especial para escrever?
Triste, mas não. Escrevo na sala de jantar (a sala de TV é ao lado), controlando minha irritação com os barulhos invasivos da televisão, e tentando abstrair as conversas do meu marido e da minha filha. Ah, tem também os latidos da Dakota (minha cadela) e seus insistentes pedidos de atenção. Mas acho que esse ambiente acaba se tornando propício à escrita, na medida em que minha família (isso inclui a Dakota) é motivo constante de inspiração.
- Qual seu gênero literário? Já tentou passear em outros gêneros?
Passeio pelos gêneros constantemente. Nos últimos tempos, tenho preferido o gênero narrativo, a boa prosa, mas houve um tempo em que eu escrevia poemas todos os dias.
- Fale-nos um pouco sobre seu(s) livro(s). Onde encontra inspiração para título e nomes dos personagens?
Tenho vários livros de poemas, muitas crônicas e também alguns contos, nenhum deles publicado. Consegui mudar essa realidade quando decidi escrever um romance, Alice no País do Amor, um livro voltado para jovens mulheres (chick-lit), pois retrata os dilemas vividos por elas, suas questões familiares, a tão sonhada realização profissional e a busca pelo amor. Por sorte, escolhi o título antes mesmo de começar a escrever. Meu segundo livro, no entanto, já está na metade, e não tenho ideia de qual será o título (tá difícil!). Já os nomes das personagens vêm à cabeça quando a personalidade delas fica mais nítida.
- Qual tipo de pesquisa você faz para criar o “universo” do livro?
A história do Alice se passa em Curitiba, uma cidade que conheço muito bem, assim como sua cultura e costumes locais. Então não foi preciso fazer muita pesquisa. Estou escrevendo meu segundo romance, mas ainda não decidi se Curitiba, mais uma vez, será escolhida como cenário. No entanto, a pesquisa é sempre necessária em relação às personagens, suas idiossincrasias, alguma característica fora do comum, etc. Faço muita busca na internet, e procuro fazer um trabalho de “imersão emocional”.
- Você se inspira em algum autor ou livros para escrever?
Clarice Lispector e Jane Austen são minhas escritoras preferidas, e, embora seus estilos divirjam bastante, creio sofrer sua influência (ou pelo menos espero que sim!).
- Você já teve dificuldade em publicar algum livro? Teve algum livro que não conseguiu ser publicado?
Mandei o manuscrito do Alice para “mil” editoras. Algumas sequer me responderam. Outras o recusaram cordialmente. Recebi resposta positiva do selo ‘novos talentos’, da editora Novo Século, e da Chiado. Acabei optando pela última. Nunca tentei publicar meus livros de poesia, talvez por achar que o gênero lírico anda em baixa no Brasil.
- O que você acha do novo cenário da literatura nacional?
Acho que a literatura nacional está passando por uma fase de muita produção, com o surgimento de grandes escritores, alguns muito jovens, mas de muita criatividade, outros apresentando trabalhos interessantes, com novas propostas e formatos literários. Claro que, no meio dessa eclosão de escritos, há os que não têm qualidade literária, mas isso acontece em todas as áreas do conhecimento. A dificuldade maior, a meu ver, é o fato de as editoras comerciais terem resistência em apostar em novos nomes, em atenção à segurança econômica. É muito difícil ver uma editora de renome correndo risco por um projeto em que acredite, embora haja exceções.
- Recentemente surgiram várias pessoas lançando livros nacionais, uns são muito bons, outros nem tanto, outros são até desesperadores, o que você acha sobre este boom?
Penso que a literatura sempre terá que enfrentar intrusões medíocres, ou até mesmo lidar com aqueles que desejam fama e riqueza à custa da qualidade de seu trabalho. No entanto, há consumidor para todo tipo de ficção, desde a mais romântica até a chamada hot ou literatura erótica. Este estilo, aliás, pode ter muita qualidade e nos surpreender positivamente, como são, por exemplo, as obras de Anaïs Nin.
- Qual sua opinião sobre os preços elevados dos livros nacionais?
É uma tristeza que seja assim, realmente. Ainda mais com a previsão constitucional de imunidade fiscal e tributária. Infelizmente não conheço o processo editorial mais a fundo, por isso não posso debater essa questão com mais propriedade.
- Qual livro você falaria: “queria ter tido esta ideia”?
Apesar de não ser meu estilo, sempre gostei muito das histórias de Harry Porter. As personagens, a trajetória do bruxinho mais amado do planeta, a escola, enfim, tudo é maravilhosamente criativo. Não é à toa que fez o sucesso que fez.
- Se tivesse que escolher uma trilha sonora para seus livros qual seria? (nome da musica + cantor)
Na verdade, o Alice tem uma espécie de ‘trilha sonora’. Na pág. 225, constam as “músicas do coração”, que são: 1. Love me, Please Love me, de Michel Polnareff; 2. I Want it that Way, de Backstreet boys; 3. Love me, de Norah Jones; 4. I Won’t Dance, de Frank Sinatra; 5. Waking on Sunshine, de Katrina and the Waves; 6. I’ve Got You Under My Skin, de Frank Sinatra; 7. I Get a Kick Out of You, de Frank Sinatra; 8. Heal the Pain, de George Michel; 9. Yes, de Tim Moore; 10. Amor e Sexo, de Rita Lee; e 11. If, de Bread. Cada música se encaixa em uma situação do livro.
- Já leu algum livro que tenha considerado “o livro de sua vida”?
Hum, já. Até ler outro que despertou a mesma sensação. São tantos os livros maravilhosos ao longo da História, que fica quase impossível escolher um, mas vamos lá: Crime e Castigo; A Hora da Estrela; A Insustentável Leveza do Ser; O Primo Basílio; Razão e Sensibilidade; dentre outros.
- Você tem novos projetos em mente? Se sim, pode falar sobre eles?
Sim, estou escrevendo meu segundo romance, que não tem nada a ver meu romance de estreia, mas assim que o termine, pretendo trabalhar em uma continuação do Alice. Quero continuar produzindo textos até o fim.
- Você acompanha as críticas feitas por blogueiros nas redes sociais? O que você acha sobre isso?
Tento acompanhar, apesar de ser um verdadeiro “mar de informações”. Desse mar, contudo, sempre tem como separar o joio do trigo e ficar conhecendo o trabalho incrível de escritores nacionais. Acho a atuação blogueiros fundamental para a divulgação da literatura nacional. Mas, como tudo na vida, há os sérios e compromissados e os não tão sérios assim…
- Se pudesse escolher um leitor para seu livro (escritor, alguém que admire) quem seria?
Carina Rissi, Marta Medeiros, Leila Ferreira, céus! são tantas mulheres talentosas e maravilhosas que eu gostaria que me lessem…
- Qual a maior alegria para um escritor?
Tocar o coração dos leitores, emocionar…
- Deixe uma mensagem a nossos leitores e para aqueles que estejam iniciando no mundo da escrita literária.
Aos leitores, peço que continuem a ler, apesar da correria do dia-a-dia. É uma forma de conhecer lugares distantes e até viver vidas diferentes, desde que haja empatia com as personagens. Além disso, é a melhor maneira de se desenvolver como ser humano. Aos escritores iniciantes, aconselho que se entreguem ao ato de escrever, dando o melhor de si. Isso significa toneladas de trabalho, ser chato com detalhes e até perfeccionista. Feito isso, que jamais desistam de publicar e divulgar seu trabalho. O mundo precisa de bons livros e bons livros devem continuar existindo sempre, independentemente do que o futuro reserve à humanidade.
Agradeço à equipe do Arca Literária pela atenção e carinho recebidos!
Mais informações sobre o livro nos links: Easybooks, Chiado Editora, Skoob, Goodreads